A linguagem da Inocência


Deus fala conosco através da inocência.

É através do nosso olhar puro, contemplativo, sem rótulos que Ele chega em nós.

Lembro-me de quando era criança... Eu tinha uns seis anos e já me via sozinha a contemplar a natureza.

Sozinha em um balanço eu conversava com as árvores, os animais e o vento.

Advinha qual era a linguagem?

A linguagem da canção.

Eu inventava sons e canções com minhas cordas vocais. A Natureza me respondia com alegria: as árvores dançavam e os pássaros faziam coro.

Deus-Amor estava na Natureza e ao meu redor... Deus-Amor estava em mim.

E quando Ele falava comigo eu não mais me sentia sozinha, mesmo estando tão sozinha.

Hoje, adulta meia-idade, Deus-Amor fala comigo através da poesia. A contemplação é a mesma, mas o meio de comunicação, outro.

Mas a poesia não se resume só em palavras escritas ou declamadas... A poesia é o olhar que enxerga vida e beleza no que há de mais simples e cotidiano... no que há de mais sincero num ser humano.

O poeta é aquele que traduz a manifestação de Deus em arte. Portanto, ele é um mensageiro.

Mas para ser realmente um poeta é preciso alcançar a profundidade da alma, dos sentimentos, da contemplação... ser poeta é ter contato constante com a sua criança interna... é nunca trancafiá-la no porão do inconsciente.

Há os criativos e aqueles que possuem muita técnica artística. Porém os poetas são aqueles que fazem a alma transparecer nas palavras, sem intenção de parecerem cultos ou geniais.

A sensibilidade dos que enxergam Deus nas pequenas coisas, é o meio pelo qual Ele chega e se torna presente. Ironicamente, Ele é a própria sensibilidade de enxergar a Si em tudo.

Então, Deus está o tempo todo em nós... somos nós que não o enxergamos, quando cegos pela razão e pelas emoções descontroladas.

Deus está aqui e agora... esperando retornarmos crianças... para adentrarmos em seu Reino.

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