Não existe o SER sem o SENTIR do Coração


Vivemos a era dos pensamentos, das sensações e das emoções.

Não, dos sentimentos.

Vivemos pela razão, pela lógica, pela mente... tentando controlar nossas emoções, e assim as reprimimos. Por outro lado, vivemos entregues às nossas paixões, aos nossos instintos... sem o bom senso da razão, e assim nos animalizamos.

O ego ou a personalidade é sempre um dos extremos... ou ele nos puxa para a mecanicidade, ou ele nos puxa para o descontrole dos instintos.

Enquanto estivermos nesses dois extremos, não existe contato com o nosso ser interno.

Mas o que são sentimentos? E esse ser interno?

Sentimentos é a voz da alma, a inspiração profunda, o insight, a intuição, a contemplação, os nobres valores... o olhar do nosso coração. 

O ser interno é você... que contém tudo isso.

No entanto, as pessoas estão perdidas de si. Para encontrarem a si mesmas, olham para fora... sendo que lá fora é só a projeção da confusão que há dentro delas.

A questão é que quando percebem isso, voltam o seu olhar para aquele que projeta. Observam aquele que projeta, descobrem seus defeitos, suas limitações, mas não conseguem enxergar a luz que possibilita a projeção.

A luz é você. Mas enxergar a luz não depende de acreditar nela.

Enxergar a luz depende de não mais se identificar com a projeção e nem com o projetor.

Não é fácil, porém é simples.

Não será sempre que sairemos da projeção e do projetor... mas quando sairmos constataremos que saímos porque não havia mais expectativas, esforço, cobrança, exigências. 

A nossa liberdade é a renúncia do "tem que".

Quando mestres espirituais dizem do "viver aqui e agora", eles estão falando dessa renúncia do condicionamento passado e do porvir. Ao aceitarmos o nosso momento atual de consciência, sem julgamento de certo ou errado, entramos no estado de abertura e entrega... que pode durar pouco, muito ou (quem sabe) definitivo. 

Mas para entendermos isso é preciso muito cuidado. Só há possibilidade de "aceitação" do que ocorre no momento - ou do "não-julgamento" do certo e errado -, quando já detectamos e encaramos tudo o que nos é prejudicial, falso e egoico em nós... quando já cansamos e desistimos de agir de forma ilusória.

Primeiro devemos ter o discernimento do que é bom ou mau, para depois trabalharmos nos nossos padrões, sem a autocensura e a recriminação. Ou seja, são etapas naturais do autoconhecimento, que não podem ser confundidas ou antecedidas.

Nossa dificuldade maior é alcançar esse estado de não-julgamento sem que seja através da mente. E é essa a razão de eu estar criando esse blog...

Essa dificuldade é minha, sua e de todos os buscadores da Verdade espiritual.

Fomos condicionados a viver somente pela mente, que esquecemos o que é o coração.

Viver pelo coração é viver pelos nossos sentimentos profundos... é se entregar a algo que nos faz sentir amados, apesar de nossas ilusões.

É ver todo o falso em nós e sentir o verdadeiro por trás dele... é se entregar ao que nos ocorre, sabendo que é passageiro... mas sempre atentos.

Acessamos o nosso coração, quando temos a vontade sincera em sermos verdadeiros, justos, humildes, dignos, simples... quando renunciamos nossos desejos instintivos e escolhemos o bem aos outros, mesmo que isso custe uma perda ou uma dor.

Quando somos coração, seguimos ao que ele sente, mesmo que a mente diga que é fraqueza. Já a mente sempre quer ganhos e garantias.

Ser coração é voltar a ser como criança - porém, consciente e madura - que é sempre sincera e aceita o seu momento, mas sempre aberta ao que está para vir... sempre aberta ao novo.

Sentir-se é a chave para o conhecer-se. Contudo a mente não consegue... ela analisa, projeta, se identifica com os sentidos, com seus conceitos, mas não acessa os sentimentos. A mente tem medo do sentir, pois sabe que isso faz ela perder o controle.

O coração seria a porta de acesso ao ser...

Mas quem quer se entregar a ele?

É a mente que deve renunciar ao poder do controle - do "tem que" - para que a alma possa se ver.

Pois só a alma se vendo, é possível manifestar a imagem verdadeira de si ao mundo...

E só assim, fazer uma bela e digna história.

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