O Ser está morto
Você é importante.
Sua função no mundo é importante.
Seu papel social é importante.
Sua ocupação é importante.
O funcionamento da sociedade depende dessa sua importância.
De peão à megaempresário você é uma engrenagem para tudo funcionar.
O sistema no qual vivemos é hierárquico. Quanto mais nos preparamos, estudamos e nos especializamos, mais subimos os patamares do status quo. Seremos autoridades em nossas profissões conforme adquirirmos nossos diplomas ou reputação na área dedicada.
Tudo isso parece ser óbvio, mas é nessa obviedade que a humanidade se limita e acha que a importância de um indivíduo termina naquilo que ele FAZ OU É, como função social.
Sim, você é importante como função, mas você não é ela... e acredito que seja muito mais importante do que isso.
Se você se limita em definir-se à sua ocupação, você mata o seu ser, deixando apenas a casca do ego-persona atuar. E quando você se identifica somente ao seu ego-persona, automaticamente a vaidade e a arrogância irá se manifestar.
O ego que se define primordialmente à sua função, posição e às suas aquisições expressará seu valor apenas por isso e (inconscientemente ou não) enxergará os outros que são menos qualificados mundanamente como um alguém INFERIOR.
Enxergar honestamente - e factualmente - que um sujeito é menos qualificado em determinada profissão ou ocupação do que você, tendo ele formação ou não, é uma coisa... Pré-conceituar e desmerecer intelectualmente um alguém apenas porque você alcançou uma respeitabilidade social mais alta que a dele é ser extremamente ignorante - para não dizer ridículo.
Ter maior escolaridade, conhecimento ou certificações não é prova de inteligência ou competência de fato. Você pode ser um arquivo de informações e não saber elaborar, discernir, integrar, interpretar, refletir ou ser perspicaz em diversos assuntos. Ter grande capacidade de memória ajuda, mas não é o suficiente para você ser um ótimo profissional de verdade.
Informações são necessárias para executarmos qualquer atividade, claro. O problema é as pessoas acharem que por adquirirem informações, elas são melhores ou superiores em tudo. Elas se gabam por terem diplomas e reputações e se acham no direito de monopolizar as funções aos seus critérios pessoais. Elas negam a diversidade ou a pluralidade dos outros que possuem necessidades, crenças, vivências e gostos individuais.
O ego sempre será contra a integração de percepções, pois a ele o que importa é exclusivamente a regra da reputação e do poder. Somente o que ele faz, estuda, trabalha, pensa, diz é o certo e importante, já que ele tem um certificado.
A questão não é ser contra a exigência de qualificações e diplomas para se exercer tal profissão - pois é o correto. A questão é a arrogância e a prepotência que diminui, exclui, divide, invalida, humilha, despreza, pisa por simplesmente ter uma formação... além de se apropriar daquilo que seria de direito de todos.
A maioria da humanidade acha que ela é o seu papel social, meramente, e por isso se agarra a ele para não se afogar em sua insignificância existencial. Isso, porque grande parte não sabe quem é de verdade, identificando-se somente à sua persona. Não sabem o que é ser Consciência e o que é ir alcançando patamares mais altos de sabedoria - sabedoria, essa, que nada tem a ver com conhecimentos.
Estamos como um personagem nessa vida e é saudável o valorizarmos com suas características e habilidades, porém, infelizmente ninguém valoriza o seu SER - por nem imaginar a sua existência. Alguns, inclusive, por não entenderem do que se trata, despreza a vivência daqueles que descobriram de fato o seu ser, dizendo aos quatro ventos que é maluquice, idiotice e ilusão tola. O ego, portanto, com todas as forças luta contra, pois se aferra à sua autoimportância infantil, narcísica e mesquinha.
Ter amor próprio é totalmente diferente de se sentir o maioral por suas conquistas. Ter amor-próprio é valorizar naturalmente suas qualidades e conquistas sem precisar depender ou se apoiar a elas. Quem é você sem essas coisas? Você somente se ama por causa delas?
Quem é prisioneiro de seu ego se vangloria de tudo. Quem se ama de verdade, se ama independentemente de qualquer coisa externa e vai se tornando cada vez mais simples como alma e ser humano. Ele se valoriza com todas suas habilidades e conquistas de forma saudável porque já sabe que há valores e qualidades muito superiores dentro dele... e por isso mesmo não se envaidece ou glorifica perante os outros.
Eu, particularmente, não vim a esse mundo para representar apenas uma função. Meu propósito maior é SER, antes de tudo... e talvez, com meu exemplo, passar um ínfimo conceito disso. (Ainda que a maioria nem se importe).
No nosso mundo, as ocupações, as formações e as funções de qualquer área são importantes... Mas mais importante do que tudo isso, é a importância do SER, pois sem ele você é apenas uma roupagem transitória... mendigando aplausos na passarela passageira da moda... sendo só mais um número aos olhos da Grande Existência.
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