O Nome do Amor em vão
Tentar compreender o Amor mentalmente é o mesmo que tentar ler um livro sendo analfabeto. Nós não conseguiremos.
O Amor só pode ser vivenciado e entendido à medida em que você se descobre como Essência. Isso porque o Amor e Você são a mesma coisa. Portanto, o entendimento acontece somente através dos sentimentos mais profundos e sublimes que há em nós.
Somos todos analfabetos do Amor... uns se alfabetizando gradualmente, outros repetindo a série. Não há outra explicação para vivermos um mundo tão perdido e ignorante. Quase ninguém sabe o que é amar... confunde-se Amor com carências.
Cada vez que nos conscientizamos mais de nós mesmos, mais amor vamos sentindo... Cada vez que mais amamos, mais consciência de nós adquirimos. Não há separação.
Quem já vive muito mais na esfera do Coração tem mais facilidade em amar. Mas quem vive na esfera da mente acredita que amar é gostar e ter preferências.
Não há nada de errado em gostar das coisas na vida. O gostar e o desgostar fazem parte da natureza humana. Porém o gosto não deve ser confundido com o Amor... pois gostar é transitório, enquanto o Amor é eterno.
Tudo que é permanente, é verdadeiro. Tudo que é transitório, é falso.
Existe um paradoxo no Amor: podemos amar sem necessariamente gostar de algo ou alguém. Ficou confuso(a)?
Pois é... o Amor verdadeiro ama até mesmo os "desafetos".
No entanto, esse Amor nada tem de semelhante com o que sentimos cotidianamente pelas pessoas. Ele é uma Consciência, um sentimento, uma sabedoria que transcende qualquer preferência pessoal.
A pobre da palavra AMOR ficou desgastada, distorcida, profanada pela mentalidade egocêntrica das pessoas. Chamar a nossa afetividade ou gostos de Amor, é rebaixar todo o valor supremo que ele tem. Nossa consciência e virtudes são niveladas por baixo, fazendo de nós seres próximos ao primitivo.
Podemos também gostar e amar (ao mesmo tempo) pessoas e outras coisas... assim como podemos gostar de pessoas e outras coisas sem exatamente amá-las.
O Amor não depende de gostar ou não; e o gostar não depende de amar ou não. São sentimentos diferentes.
O gostar implica em transitoriedade, já o amar permanece intacto.
Quando amamos, podemos sentir dor e tristeza... podemos viver adversidades... mas o sentimento nunca muda. Contudo, isso não significa que ao amar devemos nos submeter ao sofrimento ou à humilhação constantes, pois o Amor real nos dá dignidade e respeito próprio - o que impede de sermos escravos de algo ou alguém.
Não existe Amor sem Sabedoria - pois, Amor sem Sabedoria não é Amor... e Sabedoria sem Amor não é Sabedoria. Por isso quando se diz que só o Amor não sustenta um relacionamento é a maior inverdade e equívoco que as pessoas podem ter.
O sustento e alicerce de uma relação só podem vir do Amor, pois além de sentimentos verdadeiros, ele também é Consciência, honestidade, discernimento, equilíbrio, maturidade e inteligência intuitiva. Portanto, Amor não é só afeto, mas sim, bom senso e lucidez.
As pessoas em geral gostam e desgostam o tempo todo, numa eterna insatisfação, simplesmente porque não possuem esse alicerce. O solo em que constroem suas casas é instável, sempre fazendo-as desmoronar.
Quando existe Amor, mesmo que a relação chegue a um fim, não existe possibilidade alguma de traumas, dores, conflitos, mágoas e raivas. O acordo do término é sempre amigável e em mútuo consentimento - ainda que triste.
Não aprendemos a amar. Isso não existe. O que aprendemos é a nos relacionar através do Amor que cultivamos em nós. Se não há esse sentimento, mas somente desejos e preferências, não há a harmonia e a sabedoria para se sustentar uma relação.
Em geral, associa-se amar com ter sentimentos afetivos, mas amar está muito além deles. Não existe também qualquer conotação sexual com o Amor, mas pode acontecer de amarmos um alguém e sentirmos atração afetivo-sexual junto.
Não alcançar esse entendimento faz com que rebaixemos as relações afetivas e de amizade a uma mera troca de interesses oportunistas... a um mero uso das pessoas como objetos.
Ter interesses em comum é saudável, mas somente quando há a valorização do outro como um ser em si; ou seja, quando há doação e contribuição para o bem do mesmo, única e exclusivamente, e não, porque iremos ganhar vantagens e méritos.
Usar a palavra Amor para fins egoístas é deturpar o seu significado. Devemos ser honestos e dizer que não amamos; que apenas sentimos desejos, gostos e interesses. Porém, dizer que amar é gostar, é sujar ainda mais uma palavra tão mal utilizada nos dias atuais.
Sentimos prazer e satisfações com as pessoas... e isso é natural e benéfico. O problema está em fazer das pessoas sua fonte de "felicidade", tornando-se viciado e carente de relações.
Muito melhor admitirmos que não amamos, do que mentirmos para nós mesmos e aos outros, ao nos orgulhar de meros sentimentalismos e carências sensoriais e emocionais.
Amar é pra poucos, infelizmente...
Pois só ama aquele que se libertou das correntes dos desejos instintivos que nada vê do outro, apenas seus próprios objetivos transitórios de prazer.
Não usemos o nome do Amor em vão...
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