A origem psicológica do mal


Sim, somos seres emocionais.

Sentimos empatia pelos outros em sua dor, assim como sentimos repulsa a comportamentos cruéis e hediondos.

Repudiamos Hitlers, Mao Tse Tungs, Stalins, Maduros, etc. Se temos Coração e valorizamos o Bem, é óbvio que detestamos o Mal.

Mas além de emocionais, somos racionais e PRINCIPALMENTE ESPIRITUAIS.

E é aí que a coisa muda de perspectiva.

Por que digo isso?

Porque quando nossa Consciência Espiritual está ativa, presente, integrada, conseguimos DISCERNIR melhor as coisas, e enxergar que o "buraco é mais embaixo" em determinadas situações.

Como sempre digo, há uma tendência generalizada a julgar as circunstâncias de forma extrema e emotiva. Por isso se não temos razão e nem Consciência Espiritual (Sabedoria), somos tragados pelos nossos julgamentos irrefletidos. 

Seria bastante simples tirar uma conclusão de alguém pelas suas atitudes; sendo elas boas ou ruins. Ou seja, se um indivíduo faz o bem, ele é bom, se o indivíduo faz o mal, ele é mau. Isso nos facilitaria muito em distinguir alguma questão e evitaria que fôssemos levianos. Mas infelizmente não é assim...

Não acho que devamos ser compreensivos ou condescendentes com o mal - por ele mesmo. Lógico que não. Eu sempre bati na tecla de que o mal deve ser exposto, e não, amenizado, jogando a culpa na vítima.

É normal também que a vítima (e seus próximos) reajam com raiva, desprezo e até mesmo revolta. Creio ser de certa forma natural até um dado limite.

Enxergo e compreendo tudo isso.

No entanto, quando se trata de entender o MOTIVO maior por trás das coisas, a visão sai do nível emocional, passa pelo crivo racional e chega ao intuitivo-consciencial.

O mal nunca deve ser justificado. Mas a motivação do mal, sim. Deve ser muitíssimo questionado, avaliado, ponderado e compreendido na sua origem.

Nem todo mundo que comete o mal é um psicopata - fascista, nazista, comunista ou sem definição. 

Grande parte dos que cometem atos horríveis é um ser emocionalmente desequilibrado, ferido, machucado, transtornado, humilhado, abandonado, odiado, desprezado...

"Mas há muitos que sofrem bem mais e não se tornam ruins - pelo contrario, se tornam seres extremamente bons", a frase na ponta da língua irá disparar.

Sim, realmente. É uma verdade. Mas será que esse que sofreu e se superou, se tornando bom, não teve um único apoio na vida, psicologicamente falando? Será que não teve um único bom exemplo? Será que não teve uma única situação que o fez acreditar no bem, ter esperança, ver a luz no fim do túnel? Será que não teve uma revelação divina nele?

Penso que há pessoas que não conseguem ver alternativa alguma, a não ser o mal. A sensibilidade e a dor são tantas que elas ficam completamente cegas. É uma fraqueza psíquica... uma deficiência emocional... em que o caráter moral não vence seus traumas tão dolorosos.

A causa do mal não deve justificar o mal. (Também não é disso que se trata a reflexão).

Mas se existe a CAUSA do mal no interior das pessoas, como podemos resolvê-la? Isso, sim, é o que devemos tratar.

E não simplesmente odiar QUEM comete o mal, "e jogar as pessoas num eterno inferno".

Já senti raiva, critiquei, desprezei pessoas que me fizeram o mal. (Por isso compreendo perfeitamente aquele que é vítima). Mas depois de um tempo em que você vive o seu máximo de revolta, você naturalmente vai voltando ao seu estado real de compreensão. Não, aceitando o que nos prejudica ou faz mal, mas entendendo a fraqueza daquele que o comete.

A diferença entre um Hitler e um jovem transtornado que faz um massacre em uma escola é bem grande. Primeiro por ser jovem - em processo de identidade -, e segundo por ser vítima de vítimas de vítimas... desequilibradas psicologicamente. E para piorar: sem qualquer Consciência Espiritual legítima.

Não há como exigir que uma árvore seca dê frutos.

Acusar pessoas pelo mal que fazem é simplista, fácil, cômodo... Entender a motivação e começar a trabalhar na cura disso, poucos fazem.

Não é jogando jovens na fogueira que eliminaremos o mal. Não é podando a violência que se acaba com ela... Mas sim, arrancando sua raiz. 

É prático separar as pessoas de forma maniqueísta e fechar os olhos para o fato que esses jovens (delinquentes) são vítimas também...

Vítimas de uma cultura da exaltação de imagem, poder e superficialidades... e suas trágicas consequências.

Antes de sermos moralistas irreflexivos, sejamos um pouco mais conhecedores da psique humana.



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