Raya e o último Coração


 Em "Raya e o último dragão", nova animação da Disney, encontramos mensagens muito profundas e atuais, principalmente ao momento de extremismos, separação e polarização em nosso país. 

 A história fala sobre a divisão de um povo que outrora vivia em harmonia num reino chamado Kumandra. Esse reino era protegido e guiado por seres sábios espirituais: os dragões. Quando, estes, por certas circunstâncias são "adormecidos" por forças sombrias, a humanidade se vê abandonada e perdida. Salvos pelo último dragão que desaparece, os indivíduos se dividem em territórios por ganância e disputas de poder. Isso, no entanto, os deixa vulneráveis quando as sombras retornam mais adiante, transformando muitos em estátuas de pedra em um mundo distópico.

 Há muitos ensinamentos e metáforas no decorrer da história, mas a principal mensagem observada é: a integração se dá no Coração.

 A água, elemento constante na trama, simboliza o princípio feminino e receptivo que dá vida e nos protege do endurecimento da Alma. As estátuas de pedra representam essa dureza do racionalismo excessivo e do materialismo. Portanto, a confiança, a humildade e a flexibilidade tão indicadas no desenho são características, tanto da água, como do Coração.

 Um ponto significativo está na reverência feita aos dragões, que eram considerados deuses. O gesto de mão se faz em torno da testa, na região do terceiro olho ou no chacra coronal, fazendo menção a dimensão superior. O gesto muda para a região do cardíaco ao cumprimentarem uns aos outros, indicando que a integração e conexão humanas se encontram ali.

 A protagonista Raya seria uma daquelas raras pessoas que ainda acreditam no poder de seres espirituais (dragões) e no retorno de seu pai, significando a volta da Consciência do verdadeiro Pai Celestial na Terra - e sua intenção de unicidade. Sua fé e determinação, apesar da realidade do caos ao redor, é a semente que gerará a colaboração de indivíduos de outros povos para a unificação de Kumandra. Cada indivíduo acaba se vendo como semelhante ao próximo, pois a dor da perda é a mesma para todos.

 A animação nos mostra que ao nos afastarmos do nosso centro, nos tornamos sujeitos exclusivamente racionais, defensivos, desconfiados, orgulhosos e céticos ao metafísico, sem alguma profundidade ou ação prática, quando apenas veneramos seres "abstratos". Sua mensagem mais clara e insistente é a de que devemos baixar nossas armas e confiarmos mais uns aos outros para o bem maior de uma nação, assim como a do mundo. Isso nos faria voltar à nossa humanidade essencial.

 Princesa Raya habitava Coração. E só o retorno a Ele poderia salvar a ela e a todos.

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