Eu sei Deus

Acreditar ou não em Deus não é a questão.

Saber-se aquilo que você é, sim, faz toda a diferença na sua vida.

Acreditar é uma ação mental. Você pode acreditar no que quiser, e essas crenças é que moldarão o seu personagem.

Algumas crenças serão mais nocivas que outras, outras inofensivas. Nada contra ter as inofensivas, mas antes delas "quem é você?"

Quando começamos a jornada de descobrir o que de fato somos como essência, o que restar de crenças em nós será secundário... uma ferramenta de atuação para motivações mais nobres e elevadas... para a sua libertação.

Não serão mais as crenças a nos manipular e a nos fazer de armas, mas será o nosso Ser Desperto quem se utilizará (ou não) delas para o bem e a comunhão de todos, em suas diferenças.

É essa essência que somos, chamada de Ser ou Consciência, que se utiliza do personagem (ego) com suas características adquiridas com o tempo. No entanto, quando essa essência estiver mais forte e presente do que a nossa mera personalidade, muitas de nossas características condicionadas pelo meio social, familiar ou cultural, cairão por terra. E o encontro de si mesmo requer o abandono de muitas dessas pesadas roupagens que o rotulam. 

A crença em algo não é bem o problema ou a solução de nosso dilema existencial. Mas é a ignorância de si mesmo a grande causadora dos conflitos internos e externos.

Lembrando que a total descrença também é uma crença... então talvez ninguém esteja livre dela (crença). 

O sofrimento desde criança não me levou a crer e nem a descrer em Deus, no mundo espiritual ou em questões metafísicas... O sofrimento desde criança me levou a SENTIR cada vez mais aquilo que eu era: Ser divino.

Porém eu digo que é impossível saber-se Ser e não confiar em forças superiores ou na Fonte Maior. Isso porque ao ser esse Ser, você simplesmente sente, intui e faz coisas que normalmente você, como ego, não sentiria, intuiria e nem faria. 

Sabedoria, Amor, Felicidade fazem parte do que é esse Ser... não, do que o nosso ego momentaneamente adquire, como conhecimentos, paixões e prazeres fugazes.

Então muito mais do que ACREDITAR em Deus, seja cada vez mais próximo Dele através de sua essência, do seu Ser, da sua Consciência... SEJA e SINTA.

A existência da Fonte só pode ser provada através do que você é como Ser, Consciência, Amor, Sabedoria manifestados. Se você não é e não sente essas coisas (progressivamente), então você não sabe o que é Deus... você só acredita (ou não) Nele.

O sofrimento sempre o levará a um caminho dentre três: a fé cega, a descrença cega e ao SER. E para SER você não precisa acreditar em nada, se não quiser... não precisa ter nenhum tipo de hábito, costume, ritual, conhecimento... Você só precisa ser aquilo que VOCÊ É como essência. Mas em geral, a maioria foge daquilo que realmente é.

A grande questão é: COMO SER AQUILO QUE SOMOS?

E a resposta é: tendo consciência daquilo que não somos verdadeiramente. 

O que não somos verdadeiramente é algo secundário, na sua grande parte dispensável. E o que SOMOS além daquilo que apenas ESTAMOS?

Quem é o seu Coração? O que ele quer e diz quando sua mente não o cala?

Quem é a sua Alma? O que ela é quando seu Ego não a esconde?

Quem é Você? Muito além de seus conceitos, manias, costumes, gostos, desgostos, traumas, crenças, ideologias, complexos, qualidades e defeitos?

Qual a sua função no mundo e na vida? Trabalhar, juntar dinheiro, ser um bom cidadão, ter propriedades, casar, formar família, ser um bom profissional, ser aclamado, ser estudado, SER VENCEDOR? Ou simplesmente SER VOCÊ?

Ainda que todas essas coisas tenham sua função e importância, quem é você além delas?

Ser você é ser um Ser único e importante - não exatamente ao mundo - mas à Vida. 

Quando entramos nos processo de sermos únicos e termos um sentido na vida, isso é chamado de INDIVIDUAÇÃO - termo criado por Carl Gustav Jung - na qual a pessoa entra em integração eu e self...  e o que nas filosofias orientais representa o despertar do Ser. Foi justamente Jung quem disse a célebre frase "Eu sei Deus".

Ter um sentido na vida está ligado a ser quem você é (corpo, mente, sentimentos em consonância e harmonia), e não, a acreditar em algo ou Deus.

Ao cairmos nos pensamentos e emoções já não somos mais nós, e portanto o propósito maior de viver se perde em um único segundo.

Podemos nos perder do que somos (e isso é comum), mas uma vez conhecido o que somos, uma corda nos é jogada. 

O labirinto mental é monstruoso... mas a corda da consciência e do autoconhecimento já estará em nossas mãos - basta seguirmos ela, até de volta ao Ser. Não acredite na saída; ande até ela.

Deus não quer que você acredite Nele. Deus quer que você se descubra... para que descubra Ele.